A comunidade de São Thomé, localizada no interior da Floresta Amazônica, ficou conhecida em todo o Brasil após ir ao ar no especial de fim de ano “A Festa é Sua” do programa global Caldeirão do Huck, em dezembro de 2010. Fundada há 28 anos, a comunidade abriga 14 casas, que foram construídas pelos próprios moradores. Apesar do termo comunidade não ser aplicado apenas ao território, assim como reforçam vários autores, neste caso a união acontece devido à proximidade entre os 45 moradores.
O programa Caldeirão do Huck já possui três quadros conhecidos por ajudar as pessoas: Agora ou Nunca, Lar Doce Lar e Lata Velha. No especial, os participantes tiveram a chance de concorrer aos prêmios de todos os quadros, caso houvesse a mobilização da comunidade. Nas provas formuladas pela produção, os moradores dependiam uns dos outros para alcançar o resultado, ou seja, a colaboração e a participação implicariam não só no fortalecimento do local, mas na busca de um objetivo em comum.
Ao contrário do que muitos telespectadores pensam, a emissora não promoveu o especial apenas pelo sentimento de bondade e compaixão com a história de vida daquelas pessoas, sobretudo do Senhor Elias, um dos moradores mais antigos de São Thomé e que vivia em uma casa precária. O interesse privado das organizações prevalece em toda a programação. A Globo, emissora mais popular do país e uma das mais populares do mundo, também é refém das crenças políticas, econômicas e sociais de seus idealizadores. Assim, podemos concluir que a Globo não só quer mostrar uma boa imagem de emissora que se preocupa com os interesses do próximo, mas também lucrar com anúncios e incentivos fiscais por conta da sensibilização dos brasileiros que se identificaram com a comunidade São Thomé.
Embora o especial também esteja a mercê do interesse privado, os moradores de São Thomé se beneficiaram após a notoriedade de ir ao ar para milhões de telespectadores. A comunidade virou ponto turístico e passou a receber hóspedes de todo o país. A produção criou um site para com todas as informações acerca da comunidade, como tarifas, reservas, acomodações, passeios disponíveis. O interessante de toda a história foi a mobilização dos moradores em prol de um espaço que é de todos, em momento nenhum deixando a individualidade superar a coletividade.
Por Bruna Oliva